Programa de Alfabetização e Letramento com Pessoas Idosas oferece aulas de alfabetização e letramento para pessoas idosas não alfabetizadas
São João del-Rei possui mais de 8.000 habitantes idosos não letrados e analfabetos, segundo o Censo de 2010. Nesse cenário, o Programa de Alfabetização e Letramento com Pessoas Idosas (PALPI) surgiu como uma ação de reparação social e promove, desde 2017, aulas de alfabetização e letramento diárias e gratuitas, no Campus Santo Antônio, para pessoas com mais de 60 anos. Coordenado pela professora Mônica de Ávila Todaro, o PALPI se consolidou com o intuito de incentivar o estudo entre os idosos são-joanenses não alfabetizados e desmistificar os estereótipos que circundam a Gerontologia.
A coordenadora do programa conta que o PALPI configura-se orientado pelo diálogo entre a Universidade e a comunidade, visando a democratização do conhecimento e a capacitação de futuros professores em uma perspectiva ética e humana. “A pessoa idosa que se alfabetiza transforma-se a si mesma e ao seu entorno já que, numa perspectiva crítica, passa a ler o mundo com uma visão mais ampla como portador de direito à educação ao longo da vida”, acrescenta Mônica, que reafirma a importância do programa para uma transformação social.
O desenvolvimento do projeto
Seguindo os estudos de Paulo Freire, considerado um dos pesquisadores mais relevantes para a área da pedagogia e que nomeia a sala do programa, o PALPI desenvolve-se, por quatro diretrizes: Interação Dialógica, Interdisciplinaridade e Interprofissionalidade, Indissociabilidade Ensino-Pesquisa-Extensão e Impacto e Transformação Social. As atividades propostas pela ação extensionista, portanto, adequam-se a tal proposta pedagógica.
O estudante de pedagogia e bolsista do projeto, Celso Flores, descreve as atividades realizadas em sala de aula: “Trabalhamos com Círculos de Cultura. A cada semana temos uma Ficha de Cultura, que pode ser um tema que surgiu nas Rodas de Conversa ou algo pertinente aos acontecimentos que envolvem a atualidade brasileira e mundial. Dessa forma, “o objetivo é trabalhar a alfabetização e o letramento com temas contextualizados, no qual problematizamos, em conjunto, determinado assunto“, conclui o bolsista.
O programa também produz materiais didáticos gratuitos e promove oficinas de formação com a coordenadora e os projetos parceiros.
Transformando realidades
Atualmente, o PALPI, aos moldes da educação popular, configura-se como um importante centro de aprendizado e espaço de resistência à exclusão social.
Celina Ferreira, são-joanense e estudante do programa, conheceu o PALPI através de uma vizinha e começou a participar das aulas promovidas pelo projeto. A estudante diz que os ensinamentos da sala Paulo Freire foram capazes de mudar sua perspectiva sobre o mundo: “Você não aprende a só ler e escrever, você conhece várias culturas, fala de política, de saúde, de tudo. É uma troca de conhecimentos: de um para o outro”. Celina também aponta a potência do programa ao permitir o desenvolvimento de uma visão crítica e reflexiva, voltada ao enfrentamento das desigualdades e preconceitos.
A estudante celebra os aprendizados e anseia novas conquistas: “Esse ano, eu pretendo estar lendo mais e escrevendo mais. Ano que vem espero estar ótima”.
Em abril deste ano, a coordenadora Mônica de Ávila recebeu a Medalha Tancredo Neves, destinada a premiar cidadãos que prestaram relevantes serviços em defesa da preservação dos Direitos Humanos em São João del-Rei. A professora foi contemplada com o prêmio pelo seu trabalho em educação com pessoas idosas são-joanenses.
Para participar, como faz?
Para participar, entre em contato pelas redes sociais do programa @palpi_salapaulofreire ou compareça à Sala Paulo Freire nos horários de aula. As aulas do programa acontecem de segunda a sexta, das 16h às 17h30 ou 17h30 às 19h, na sala 1.47 (Sala Paulo Freire), localizada no Campus Dom Bosco.
Clarice Muscalu, bolsista do Comunica Extensão
Comments